quarta-feira, 27 de julho de 2016

MIL PEDAÇOS


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MIL PEDAÇOS


Era o silêncio aqui dentro

e o vento lá fora

fazendo as folhas conversarem entre si.

Algumas, loucas ou fracas,

se lançavam ao sabor do vento.

Vejo a cristaleira vazia

na cozinha fantasma

sem as porcelanas de outrora

nem o chá da amizade

que partiu-se em mil pedaços

sumindo no tempo, no vento e no silêncio.
 
 
by Jair Machado Rodrigues

18 comentários:

  1. ... Mas que bonito poema, Jair!! Escolhi um fragmento por escolher, mas todo ele bonito demais.

    "que partiu-se em mil pedaços
    sumindo no tempo, no vento e no silêncio."

    Abraços, amigo poeta!
    Não tinha lido nada de poema seu. Uma nova modalidade?

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    1. Minha querida amiga Tais, obrigado pelas palavras de incentivo. Amo poesia, mas escrever eu acho que exige mais que um texto, por exemplo, não tenho métrica, herança da Semana de Arte Moderna rsrs, era um texto que não teria muita vida se tentasse aumentar para um conto por exemplo. São sentimentos que permeiam meus dias, o vento passando sobre nossas casas nos permitindo ouvir os bochichos das folhas em movimento. O silêncio tem sido meu companheiro no trabalho, eu não sou uma pessoa fácil, mas existem outras bem piores e más, prefiro me retirar, não vou gastar minhas forças brigando por mediocridades, mesquinharia, daí dentro do trabalho tenho o silêncio. Lembrei de Emilie Dickson e o objeto que me veio a mente foi uma cristaleira, e porcelanas que já não existem mais, para sentir a efemeridade das cosias, dos objetos e dentro disso tem o amor, a amizade, o bem querer, tentar ser bom, entender o próximo, assim como estender a mão, mas não foi o que tive, pelo contrário, situações que achava superadas e encaminhadas para um outro nível melhor de relacionamento se esfacelou em um milhão de pedaços...e o que se parte, se quebra é levado pelo vento, o tempo soterra e restará para sempre o silêncio. Parece meio trágico, dramático como eu rs, mas escrever me liberta e não me pune, pelo contrário, consigo ver com mais clareza aqueles sentimentos que não conseguia entender, até escrever (terapia rs). Gosto de textos curtos, mas este seria curto demais, e é muito metafórico para mim, por isso um poema, não é uma nova modalidade, por vezes até me arrisco, só não posto, mas ainda estou me encontrando na prosa, meu maior interesse. Querida amiga Tais, fico por demais feliz por este teu comentário, tão profundo para mim, demonstrando um interesse, o mesmo interesse que falei acima, pelo próximo, pelo texto, pela palavra escrita, pela amizade, obrigado. Carinho respeito e abraço.

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  2. Cha da amizade que partiu-se em mil pedaços... interessante a frase... e triste quando amizades se vao no vento...

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    1. Minha doce Frida, obrigado por estas visitas tão carinhosas...amizade é uma forma metafórica para colocar coleguismo no poeminha, pois trabalhamos com colegas e destes, pouquíssimos tem a chance de se tornarem amigos, tive sorte até a outra cidade que trabalhei, já nesta é uma luta constante para provar que não preciso provar nada pra ninguém, Legião Urbana rs - brincadeira...acho triste também fins de amizades, que se perdem no tempo e o vento se encarrega de dar fim total...perdi amigos para o vento, mas em compensação o mesmo vento me trás outros amigos, diferentes, com possibilidades, que é a busca de um mínimo de verdade e respeito nas relações. Carinho respeito e abraço.

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  3. Caro Jair,
    Não me surpreendi com o seu poema “Mil pedaços”, pois há muito leio os textos que você publica aqui no seu blog, embora não me lembre de ter lido poema de sua lavra. Este poema, que para mim é o primeiro (que leio), revela o seu talento de poeta, que não pode ser desperdiçado.
    Parabéns meu amigo.
    Grande abraço.
    Pedro.

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    1. Meu querido dr Pedro, sempre uma honra em receber sua visita e palavras tão encorajadoras...fico feliz ao valorar o que aqui escrevo e posto, mas quanto mais eu me envolvo com a escrita, mais íntima e pessoal se torna, fazendo com que qualquer pretensão minha de escrever mais sério, me cai por terra. Gosto dessa sensação de catarse que sou provocado pelo que escrevo, são coisas tão íntimas (nem tão íntimas, estão na internet, enfim). Mas gosto desse exercício, e fico feliz também por me abençoar em mais uma porta da escrita, a poesia, muito obrigado dr Pedro. Carinho respeito e abraço.

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    1. Meu mais querido amigo, obrigado, obrigado sempre por compartilhar comigo esta sua verve pela escrita, sempre vendo valores e sentimentos que quase passam despercebido por mim, o próprio criador. Mas como não ficar lisonjeado se pessoas bem mais importantes no mundo das letras, tem um olhar para o que eu escrevo. Agradeço a cada um dos amigos e a Deus por me permitir sentimento tão bom de ser admirado e com respeito. Carinho respeito e abraço.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Jair, o polido poeta
      Desfazendo-se dos laços
      Um maiúsculo esteta
      Quebrado em mil pedaços

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  5. Olá, querido Jair, meu amigo blogueiro!
    penso,sinceramente, que devemos fomentar o silêncio dentro de cada um de nós. Precisamos ter esse encontro pessoal e íntimo.O problema é quando o silêncio não conversa com o barulho e predomina a ponto de bloquear as saídas . Tanto bloqueio que nem percebemos que aquilo que acreditamos inquebrantável ,partiu-se em mil pedaços sumindo no tempo, no vento e no silêncio . Será que não foi porque o silêncio nos forçou a ficarmos a sós? E sós, esquecemos, por vezes, que a vida é o que olhamos quando, de dentro de nós, enxergamos o que está fora dela.
    Parabéns pela poesia do belo texto...
    *vou copiar aqui, o que respondi lá()Olá, querido Jair, meu amigo blogueiro!
    ...isso é verdade, depois de pronto, tudo parece fácil,mas, nós - eu , vc e torcida do Flamengo e do Corinthians - sabemos o quão difícil é ...todos quando iniciam o blog, quer ter o maior número de leitores, mas, com o tempo,vamos percebendo que isso não reflete a sua verdadeira audiência, não reflete o rol de amigos fiéis que angariamos e só serve mesmo, talvez,talvez,como um parâmetro para nossa própria avaliação e só.
    ... "mas tou tendo dificuldade de comentar por me sentir constrangido de comentar algo sobre o amor, logo eu, tão só, sem ninguém, sem experiência de vida a dois,"> respeito , mas, não precisa se sentir assim...uma, porque nem tudo que escrevi , eu mesmo já passei ou conheço bem !...outra, é até melhor, para mim, receber todo tipo de comentário, dos que sabem, não sabem ou metade, até para usufruir de um universo plurissignificativo que o próprio tema pode oferecer...
    Obrigado pelo carinho de sempre, belos dias,bom finde,abraços!T+

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    1. Meu querido amigo Felisberto, sempre uma grande honra recebe-lo por aqui, tua sensibilidade e perspicácia me arrepiam, quando falas do silêncio, e das saídas. solidão e silêncio, mas isso me permite olhar e ver o que se passa lá fora, isolando o barulho (que existe), aqui onde estou. Quanto ao número de seguidores, depois de falar contigo, minha visão mudou e para melhor, um conselho que levarei para o resto dos meus dias num blog rs...gosto muito dos teus textos, criativos, além de muito bem escritos consegues sempre me convencer que aquela história se passou mesmo, fico comovido e por não ter resolvido esta coisa de amor/paixão dentro de mim, estou a beira de meio século, e estou só, nem feliz, nem triste, apenas entre o acreditar e não acreditar no amor, sinto certo constrangimento para falar de um assunto que chega a ser um tabu pra mim mesmo, mas sempre encontro as mais belas palavras nas tuas histórias, imagens belas e fáceis de imaginar, face o envolvimento que teus escritos trás. Mais um bom conselho, vou falar do amor sim (ainda não perdi esta capacidade, adotei um cão, o Teimoso e amo este bicho, tenho certeza e ele corresponde, o que é maravilhoso), então meu amigo nem tudo está perdido deixarei que a emoção que sinto ao ler teus textos cheguem aos comentários. Obrigado Felisberto, e mais uma vez parabéns. Carinho respeito e abraço.

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  6. Olá. Seu senso criativo é graciosa.
    O melhor elogio.

    Obrigado por sempre visitar.
    Cumprimentos de Japão. Ruma

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    1. Olá Ruma, querida amiga do lado do Sol nascente, fico muito feliz que tenhas gostado, tuas palavras são gentis e estimulantes. É sempre um prazer dar um pulinho ali no Japão, rs, quer dizer, no teu blog. Carinho respeitoe abraço.

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  7. OI JAIR

    achei bem bonitas as palavras. O post é bem denso, apesar de sucinto. Você é muito bom com a expressão de sentimentos.

    muito obrigada sempre por seu apoio no meu blog *-*

    beijo
    beinghellz.com

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    1. Minha querida bloguer menina Hellz, obrigado, eu também, gosto de palavras, e algumas, muitas rs, acho-as bonitas, die sorte neste pequeno texto, suposto poema um tanto sucinto, eu um verborrágico de palavras rs. Mais do que conseguir (como dizes) ser bom na expressão de sentimentos, através da escrita me desnudo e coloco minhas roupas, me apresento numa forma alegórica, mas mais que tudo exorcizo os maus sentimentos com belas palavras (ah poesia)e permito aflorar para que eu veja e entenda o que se passa dentro de mim, de bom que acabo não percebendo...sou um fã do teu blog, sou testemunha como ele cresceu ou tomou o rumo que buscavas, mas já é um grande blog e que eu me divirto por lá, teu texto já sabes minha opinião, eu gosto muito da tua linguagem, o poder de tua expressão comprova-se a cada post, é só ir lá pra conferir. Obrigado menina Hellz, tua presença alegra este blog e este bloguer. Carinho respeito e abraço.

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  8. Caro amigo Jair Machado
    lapidador da palavra,
    navegas com o vento,
    fala-nos dos mistérios
    da simplicidade envolta
    nas folhas que dançam
    no tempo.
    Tempo que nem percebemos
    porque já não temos tempo
    de conectar o silêncio do mundo.


    Um abração. Tenhas uma ótima quarta-feira.

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    1. Meu querido amigo e poeta Dilmar, que lindo comentário, poético. Efêmero, esta era a ideia, já não temos muito tempo ou não o percebemos mais, como dizes. Se não conseguirmos nos unir agora, não teremos como seguir em frente, pois as forças contrárias se fazem cada vez mais fortes e presentes. Gosto de dizer que a poesia salvará o mundo, talvez o meu e mesmo assim meu grito é mudo, talvez da daí o silêncio do mundo, o silêncio onde me encontro. Meu caro amigo, obrigado por me encontrar hoje, agora posso seguir o dia, tenhamos uma ótima quarta-feira. Carinho respeito e abraço.

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