sexta-feira, 24 de agosto de 2012

OS IPÊS AMARELOS CHEGARAM MAIS CEDO


Atravessou a estrada asfaltada, com arbustos secos em ambos os lados, com um leve vento norte soprando, quente, precisa caminhar alguns metros antes de chegar no armazém de beira de estrada, com um senhor atendendo com rosto de gente boa do interior do interior do país, mas quando desconfiado de quem, se aproxima, ganha   ares de jagunço matador.
Entrou no armazém, suado, caminha até o balcão, cujo caminho se torna um labirinto, face aos sacos de arroz, feijão, cereais variados, vendidos à moda antiga, pesando na hora a quantidade  que o fregues deseja levar. Chega ao balcão, e o senhor, ainda com rosto de gente boa do interior aproxima-se para atende-lo. Comprado o pacote de cigarros e o litro de vodca barata sai para a rua, recoloco os óculos escuros e segue caminhando  um pouco no asfalto, quente, um pouco na terra seca, com arbustos secos, e o Sol escaldante.
Há muito o relógio perdeu o controle, os ponteiros andam anti horário, pulando as horas, mas estranhamente não parou...no horizonte da estrada tudo se confunde, o calor que evapora do asfalto cria formas, seres, situações, lembranças...delírios, miragens.
Foi assim que percebeu a enorme árvore, um imenso ipê amarelo, que se erguia do asfalto, em pleno deserto do mundo, da alma, pois já não sabia mais aonde andava, só sabia que precisava seguir, porque o que ficou pára trás, ficou. Sentou ao pé do grande ipê amarelo e iniciou o processo suicida, abriu a garrafa de vodca e fumou o primeiro cigarro, permaneceu ali enquanto havia bebida, enquanto havia miragem, enquanto houvesse vida, enquanto... 

4 comentários:

  1. maravilloso relato, jair. dispara una imagen tras otra, pero en cámara lenta. un gran relato!

    (recordé, y te recomiendo un cuento: "la balada del álamo carolina", de haroldo conti)

    abrazos, amigo*

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    1. "Uno piensa que los dias de árbol son todos iguales", assim começa o conto do Haroldo Conti...querida Silvia Rayuela, tuas palavras me comovem pois não conseguia ver nada, senão escrever, é o que me salva e me mantém vivo. Tem sido muito intenso, minhas criações estãs muito próximas de mim, de minha vida, do que estou vivendo, como um Borges, meto metáforas, simbolismos, na verdadeira história que vivo. Mas é confortador o que tu percebeste no post, que não é conto, não é diário, não é terapia, não é...ou melhor, não era nada até eu ler teu comentário, MUITO OBRIGADO AMIGA. Meu carinho meu respeito meu sempre imenso abraço.

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  2. Não deixes de escrever... sempre haverá a esperança...
    ..."em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo como música de ninar"...
    Meu carinho azul pra ti meu querido amigo Jair!
    AInda não recebi teu email!! :) Vou cobrar... agora posso! hehe

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    1. Não consigo querida amiga Rosana, se eu parar, morro, ou acabo comigo, ou vou dormir rsrs. Que bela frase poética, pena que meu coração está seco, triste e só, mas consigo imaginar o vento como música de ninar...Mandei o email, talvez não belo, não feliz, mas verdadeiro o estado que me encontro, como me sinto. Perdoa amiga, deveria ser um email mais festivo, mais feliz, como tu merece, mas não tenho muitos que desabafar, em ti confio. Meu carinho meu respeito meu sempre imenso abraço.

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