terça-feira, 18 de agosto de 2015

SÓZINHO DE MADRUGADA

 
 
Jair meu querido!!!! Ressuscitei...
Sim...ando meio morta
tropeçando meus passos,
seguindo além
dia após dia
cumprindo metas
esquecida de mim...
esquecida de tentar
viver..
desliguei do amor
da dor
do desejo
me deixei envolver
pela mesmice
cotidiana
embarquei no dia a dia
calei o canto
das palavras
na minha alma.
Deixei a poesia
de lado
cansei de chorar
em palavras perdidas
fui tratar
de fazer rolar
o todo
que me atormenta
pede
exige
enterrar a alma
e cumpri metas
cuidar de gente
que exige
responsabilidade
extrema e inútil...
fui ali
não sei aonde
procurar
respostas concretas no nada
pra tentar sair do nada
pra tentar acrescentar
conteúdo
ao que não tem fundo
ao poço
das almas que nasceram
para viver sozinhas
e urgem,
gritam
choramingam
por uma razão...
de tanto que querem
de tanto que dói
tanto anseio
por respostas
sejam quais forem
para seus próprios nãos...
Eu me perdi
me deixei levar
pelo limbo
pela ausência de mim
faltou força,
faltou fé,
para continuar...
Tive vergonha
de tanto choramingar
noites insones
e pseudo poesias
perdidas.
resolvi concretizar algo
me deixei ir
ao sabor
da hipocrisia
dos dias reais
profissionais
acadêmicos
passei em mais provas
fiz mais uma
pós graduação...
comecei um doutorado
no meu assunto
da vez...
me fiz ver
emagreci,
aprendi a lutar
literalmente
parei de dançar...
parei de sentir
me deixei
absorver
pela vida
lá de fora...
e morri...
Morri por dentro...
sem paixão
sem retratos
sem prazer
sem porquês...
sem borboletas...
sem arco íris
pra buscar o final...
Mas os dias passam
a alma grita
por ressurreição
a música,
as palavras inteligentes
os blogs abandonados
meus e afins
aos poucos...
aos poucos
vou me revendo,
vou me buscando
vou me reencontrando...
vou sentindo sede
de palavras
de novo...
recomeço a ver
em meio
à bruma
minha sombra
um princípio
de reflexo
o jazz
o blues
o eu...
perdido...
hoje me peguei
ou anteontem
relendo meus textos
abandonados
e me descobri
reescrevendo
em um post
de rede social
"ostentando complexidades...
meu pensamento é jazz
minha alma é blues..."
culpa da Esperanza
que me aquece a alma
e o desejo
pelo desejo
desejar de novo
coisas maiores
aqui dentro
de mim.
Vou renascendo
e redescobrindo
o caminho
da poesia
das palavras
do meu próprio
coração....
De reviver por escrito

Inveja de você...
muito mais forte que eu
sempre aqui.
Não perdeu sua voz,
não abandonou sua poesia
não desistiu
como eu...
das palavras.

Estou voltando
devagar...
mas estou voltando
a mim...

espero que me receba
de braços abertos
sem mágoas
pelo abandono...
eu abandonei a mim mesma
e tudo foi junto
como a enchente
do outro post...

resolvi escrever neste
porque Raul
é sempre Raul
e eu, mesmo covarde
prefiro também
continuar sendo
essa metamorfose ambulante

cheia de jazz e de blues
como remédio
para tudo
e como lembrança
de quem realmente
acho que sou.

Beijos meu querido e abandonado amigo...
cheios de saudade...
ao menos por esta vez...
 
by ANAIS do blog SÓZINHA DE MADRUGADA

26 comentários:

  1. Que linda carta poema feito pela Anaís! Gostei de ler! Valeu! abraços, tudo de bom,chica

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  2. Que sede desse teu outro eu, que precisa de mim, que posso oferecer colo, que poderia dormir de conchinha e simplesmente não pensar em mais nada.

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  3. Limerique

    Numa hora morta da madrugada
    Quando já não se espera nada
    O silêncio se faz presente
    Ruído altíssimo, premente
    Como a noite dando gargalhada.

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  4. Um poema de dor, angustia, anseios e esperanças... é preciso sempre querer renascer... gostei muito...

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  5. O renascer é algo q se impõe a quem quer e deseja uma vida plena ... poema intenso e lírico ...

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  6. Olá, Jair!
    Ufa!
    Depois de uma avalanche de contorções poéticas, sem respirar, quase sem fôlego, chego à conclusão: é na efervescência de uma madrugada de insônia, que tudo se agita e aos poucos se acalma, numa ressurreição sonora de jazz e de blues!
    Valeu, amigo! Valeu, Anais!
    Abraços!

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  7. Minha querida Anaís, quando li teu poema/carta para mim no post do Raul, primeiro como o amigo blogueiro Rui, quase perdi a respiração numa leitura que começou e pude parar, sem folego, sorvia tuas palavras, todo o sentimento que derramas junto a teu texto, esta força, este grito da alma, este corte sofrendo, a dor com o soco na boca do estomago...eu me via, eu te via, eu me encontrava, te encontrava, mas eu também ando meio perdido, meio esquecido, mas não desisti das palavras, esta necessidade louca que tenho de escrever, na verdade me expor para mim mesmo, como a penseira do Harry Potter, atiro tudo ali, então posso ficar ruminando, pensando, revendo o que escrevi, o que senti, o que vivi até então. Lembro quando nos conhecemos nesta blogosfera, ainda estão no meu blog as cartas que nos escrevíamos, não eram comentários, era uma entrega louca, dessa necessidade que temos, que tenho de falar com alguém. Lembro também de estar no teu blog e chorar todas as minhas pitangas, frustrações, dores como se fosse o ombro de um amigo, e era. Teu blog, claro, está bloqueado onde tenho acesso a net, mas não impede de te encontrar.
    Este tempo que dizes ter estado fora da net, mas produzindo, fazendo outras coisas, mestrado, doutorado, que pena que parou de dançar, a dança sempre te fez bem e tu sempre gostou, enfim...aqui dá para ter uma ideia do que teu texto me atrai, a visceralidade que digo, esta verdade que grita, que salta de dentro da alma. Minha amiga se soubesses o que passei nos últimos tempos, minha mudança de cidade, pessoas, minhas frustrações, a rejeição que senti na cidade nova, no trabalho, mas não desisti de escrever, era minha única maneira de não explodir, ou me matar, ou desistir de tudo e sair correndo feito Candida Erendira (Cortázar), mas sem uma avó e sem fazer o que ela fazia, uma pena rs.
    "Eu me perdi
    me deixei levar
    pelo limbo
    pela ausência de mim
    faltou força,
    faltou fé,
    para continuar..."
    Eu também minha amiga, mas não temos escolha, pessoas precisam de nós não é ? e na verdade queremos ser felizes, amar, ser amado, ser bom, semear o bem...muito obrigado por este comentário/poema/carta para mim. Ando um pouco cansado até para escrever, quando escrevo é quase um impulso incontrolável, psicografo rs, é como subir à tona para respirar, depois o peso da dor me puxa para baixo, dentro d'agua, tentando me calar, mas graças a Deus, meu psiquiatra e minha força de vontade, agora estou bem, estou em paz comigo, trabalhando e interagindo bem com os colegas, mas por vezes parece que esqueci de escrever ou o que escrevo me parece repeteco, mas enfim, continuo e continuarei a escrever, é mais forte que eu, é terápico, é uma necessidade que não sei explicar.
    Minha querida amiga Anais obrigado por este poema, por este mimo, por esta lembrança.
    ps. Todo meu carinho meu respeito e meu abraço.

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    1. Meu querido amigo... não tenho como dizer o quanto me sinto lisonjeada por este seu post. Nós que escrevemos sobre nós mesmos, em diários, semanários, anuários virtuais, somente para colocar para fora o que não se pode dizer em público, mas o dizemos, mesmo assim... a um público sem nome e identidade. A um público que não fica nos olhando esquisito no dia seguinte e ruminando comentários pelos cantos sobre nossas dores e gritos pelas madrugadas... Nós não buscamos reconhecimento nenhum. Ao menos eu não busco... por isso minha casa não tem meu nome daqui de fora e, também por isso poucos são aqueles a quem convido, me identifico e para quem estiro capachos na porta... Você tem razão... conversamos sobre nossas vidas malucas e doentes via poesias e posts e e-mails há anos... e mesmo quando fechei o blog a visitantes indesejados, a porta sempre esteve aberta para você... nos reconhecemos como amantes das palavras, como seres estranhos e cheios de desejos e anseios tão normais que aparentam ser algo fora da realidade: amor, desejo, paixão, liberdade, educação, realidade, responsabilidade... o que há demais em pedir isso aos que estão em volta? Mas infelizmente somos gente tentando ser normal, em meio à anormalidade do mundo... Não tinha meio diferente de voltar ao teu blog, a não ser este... despejando minha ausência e minhas desculpas em forma de palavras... que bom que tenhas gostado... transformado em um dos seus posts então... Obrigada. Por me receber de volta. Por estar aqui. Por entender e até por se reconhecer algumas vezes na minha verborragia alcoolizada, dolorida, por fugir junto comigo para este universo que nos conforta... palavras... palavras e mais palavras... palavras que ajudam a despejar, invariavelmente, o que nos faria implodir caso continuasse guardado no coração. Obrigada pelo post. Este fica só aqui. Estas palavras são suas. Beijos cheios de gratidão e alegria.

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  8. Palmas.palmas - Extraordinário. Comovente, Que belo texto poético.Simplesmente magnífico!

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  9. Que sonho este!
    Bela dedicatória é lindo!
    Prazer em conhecer.
    Janicce.

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  10. Olá amei o cantinho!!!!!!!!!!!! Seguindo!!!!!!!!!!!! http://gigicandy29.blogspot.com.br/

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  11. Um sonho poético muito envolvente.

    Beijinhos

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  12. Me impressionei coma delicadeza e profundidade da carta. Me sinto bastante assim... Meio perdida, tentando seguir sem muita vontade :/

    Beijo

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  13. So letras muy profundas y reales, para reflexionar

    Un abrazo.

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  14. Resistente Jair, sempre aqui!
    E que poema intenso, melancólico, puro e sincero.
    Um abraço

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  15. Boa noite, Jair. Muito bonito mesmo, uma sede de renascimento impressionante.
    Aqui vemos o abandono e o desejo de não ser a mesmice e de idiotice não mais viver.
    A escritora estava muito inspirada quando desabafou desse modo.
    Há de se ter muita coragem para isso.
    Não somos ou devemos ser pessoas padronizadas, sermos várias em um corpo só é bom, plural e rico demais.
    Nem sempre estamos bem, mas devemos sair do poço e buscar respirar com a força que temos, ainda que pequena.
    O importante é não desistir de si e fos que amamos.
    Tenha uma excelente semana.
    Beijos na alma.

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  16. Caro amigo Jair Machado, eis um poema visceral! Um abração. Tenhas uma ótima semana.

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  17. Boa tarde, Jair! seu poema revela enorme criatividade e beleza, é profundo e reflexivo.
    AG

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  18. Has caminado muy adentro por las rutas de los que nos creemos poetas....
    Luz y Fuerza
    Isaac

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  19. Has caminado muy adentro por las rutas de los que nos creemos poetas....
    Luz y Fuerza
    Isaac

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  20. Um tanto desesperador, uma procura, a lembrança pelo amigo...
    Você é de muita importância nesse poema.
    Grande abraço, meu amigo!

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  21. quase perdi o folego quando li, minha emoção foi num crescendo... lindo adorei... que renascimento!

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