quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A GRANDE TRISTEZA


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Ouvi falar da grande tristeza, não sei se em sonho, telejornal ou li em algum livro ou lugar, mas sinto seu olhar sobre mim, meus passos e meu humor. O dia esta cinzento e indefinido, existe um vento que murmura pragas e agouros enquanto passa em meu rosto como uma mortalha fria, que seca meu suor. O coração esta batendo forte, estou vivo e insatisfeito com o que tenho, com o que sou ou o que me tornei. Sempre li poemas de amor e todos cheiravam a morte e sangue. Outros poemas me falavam de liberdade e escravidão, o que faz aumentar minha grande tristeza, por ter uma vida acorrentada aos costumes e manias de uma geração que não sabe se vai ou se vem. Uma geração que pensa para trás, buscando dogmas que nos prendam e nos calem, restando uma grande dor, que nos leva a grande tristeza. Meio dia, no meio do dia, atravesso a cidade, com seus casarões e porões de medo e açoite. Mesmo que a dor física exista, ela não é nada comparada a esta solidão angustiante, que nos deixa a grande tristeza, que espreita, me espreita. Entre as flores e dores e cores, situo meu estado de espírito, mas já não há ninguém na sala para conversar. Novamente o silêncio, aquele que já me acostumei e suspiro fundo, sem que ninguém ouça. Também posso rir de mim mesmo olhando no espelho e vendo este reflexo de fragilidade, que é o que tenho agora, o que sou agora, frágil como um cristal que cai no piso de metal, frágil como uma floresta de coqueiros diante de uma tempestade, com ventos violentos, serão dobrados até quebrar ou arrancados do solo, como os poderosos furacões. Juntando os cacos do cristal no metal, corto meu dedo e vejo o sangue que jorra, mesmo tentando bebê-lo, não consigo. Apenas um grande risco vermelho, na imensidão cinza onde a grande tristeza deixará de existir e transformar-se-a em um lindo arco iris, que deixará de existir, sem nos mostrar o caminho da panela de ouro.

10 comentários:

  1. Nem curto pensar nessas paradas aí.

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    1. Meu caro, fiquei feliz ao abrir o blog e encontrar uma visita, e estás tu dizendo que tá nem aí pra o que escrevi, acredito que tenhas entendido, és um rapaz inteligente (eu mesmo duvido de uma interpretação disso que escrevi rss), de qualquer forma obrigado pelo trabalho de ter vindo até aqui. Eu preciso pensar estas "paradas aí". algo dentro de mim é que grita, e eu sou quase uma mera ponte do meu cérebro, coração e dedos e um teclado, e aí está o resultado. Carinho respeito e abraço.

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  2. Eu entendo esse rico texto porque nele se insere o ser humano completo, universal, composto assim, de sofrimento, de alegrias, de mágoas, de dúvidas, de esperanças, de medos. E de dúvidas pela simples condição de não sabermos o depois, o que virá, como será. Claro que angustia um pouco. Cada um supõe alguma coisa. E é essa eterna luta, esse ponto de indagação que levamos pela vida afora, nos faz pensar, sim. Acho interessante como existem pessoas que dizem como devemos ser otimistas; seja otimista! Mas não é assim, a gente é como é e ponto final!! Sabemos de tudo, mas há um tempo para arrumar a ‘casa’. E só nós podemos arrumar, buscando o que é melhor. E tendo forças para arrumá-la. Você sabe que a base da psicanálise é fazer com que a gente se aceite como somos, e não mudar nossa essência. Pelo menos é isso que eu sempre ouvi. Aliás, uma das coisas mais difíceis, porque o bom é ser o outro! Aquele desgraçado que saiu um vencedor. rs
    Gostei do teu texto, meu amigo Jair!

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    1. Minha querida amiga Tais, sempre feliz e agradecido por tua enriquecedora visita...o teu olhar sobre meu texto não poderia ser melhor, sou humano e penso e sofro com nossa realidade caótica hoje. Todos os medos, as frustrações, ilusões, amores que não chegaram a ser concretos, mas tem a esperança que nos faz seguir adiante, que me faz seguir. Não quero perder meu humor diante da vida, mas não consigo fazer assim num positivismo, que pode muito bem ser forçado. Quero poder sentir e definir, minhas tristezas e minhas alegrias. Acho que a grande tristeza é a depressão esperando um vacilo meu para me tocaiar (tocaiar? rss), aguardando minhas fragilidades abrirem caminho para ela...mas me viro como posso para não cair neste limbo, tem os remédios, o terapeuta, e uma grande força de vontade de não chorar, não cair, não me deixar levar por esta sombra depressiva. O mais importante acredito que seja minha fé em Deus. Hoje, aos 50 anos muitas coisas ficam mais claras, acho que é amadurecimento através da idade, e assim tento manter a 'casa' arrumada. Não posso não me referir ao meu blog, meu grande parceiro, que absorve minhas angustias e permite que eu reveja o que foi mal, e melhore o que está bom. É isso Tais, parece que a vida do outro é sempre melhor, mas não somos ele, eu sou eu e preciso aprender a lidar com isso. Amei tua frase: "Aquele desgraçado que saiu um vencedor." muito engraçado mas acontece, infelizmente. Querida amiga Tais, obrigado por esta amizade, por este humor, e por estar aqui. Carinho respeito e abraço.

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  3. Amei o que você escreveu,mexeu comigo de verdade.Deve ser a minha idade (tenho 42 anos),perdi pai e mãe,tive tantas decepções na vida que sei muito bem o que é tristeza,mas sei também o que é alegria.Juntei os cacos que sobraram no chão, me apeguei a pequenas coisas do dia a dia e segui a estrada sorrindo.É preciso,temos que continuar.
    Parabéns amigo.
    Um grande abraço.

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    1. Caríssimo Xaverico, muito me alegra tua presença, obrigado. Que bom que houve uma interação tua com meu escrito, estou aprendendo a viver bem. O tempo não nos perdoa e segue, e perdemos quem amamos e temos de nos virar, sobreviver...e tu estás certo, tento fazer todos os dias quando acordo, que é juntar os cacos no chão e seguir adiante, viver o melhor possível. Xaverico, muito obrigado por este comentário tão sincero e positivo. Carinho respeito e abraço.

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  4. Oi poeta,cliquei tua página e deparei-me com um poema que relata coisas que me são familiares também,fantasiamos uma felicidade liquefeita,porém nada sólido.As dúvidas pairam sobre as certezas,e assim se sente a maioria das pessoas.Um grande abraço!

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    1. Seja bem vinda querida amiga Izildinha, muito me alegrou e alegro com teu doce comentário, obrigado...isso é certo, somos humanos e temos sentimentos, e muitos deles compartilhamos com outros que nem sempre conhecemos...este é um dos muitos benefícios com a internet, encontramos pessoas como a gente, embora no nível virtual, não nos sentimos sós, não me sinto só, graças a tua presença neste bloguinho. Carinho respeito e abraço.

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  5. Nossa lendo você,me entendi um pouco mais,ou melhor,me deu um alento saber que não sou só eu.Egoísmo?Não sei,mas é exatamente assim que me sinto...Parabéns! Soube decifrar exatamente o enigma que circunda milhões de pessoas acredito.Um Abraço!

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