sexta-feira, 27 de novembro de 2015

DIVINA COMÉDIA HUMANA


                    Já assisti muita novela, do tempo que eram interessantes, tinham motivo, enredo, sentido...lembro de uma, o Rei do Gado, que tratava entre outras coisas de assentamento de terra, e existia um Senador, interpretado pelo maravilhoso ator Carlos Vereza, lembro mais dele como Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere, enfim...Esta semana fiquei sem saber o que sentia, medo, revolta, nojo, raiva, porque afinal de contas é um dos cargos mais altos e importantes da política nacional, são senhores de confiança, ou eram, até eu saber que foi decretada a prisão de um Senador da República...então invoco Legião Urbana: que país é esse ?
                    Falar de política sempre é chato, ainda mais sabendo o tipo de político que temos no nosso país, não generalizo, mas poucos se salvam. Então percebo o caos que estamos vivendo, não perco a esperança, tenho medo que ela me perca...




Divina Comédia Humana


Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol
Quando você entrou em mim como um Sol no quintal
Aí um analista amigo meu disse que desse jeito
Não vou ser feliz direito
Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual
Aí um analista amigo meu disse que desse jeito
Não vou viver satisfeito

Porque o amor é uma coisa mais profunda que uma transa sensual
Deixando a profundidade de lado
Haa eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia
Fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão, morando na filosofia
Quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno
Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso
E eu vos direi no entanto:
Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não eu canto

 
by Belchior

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

QUANDO A GENTE PERDE A ILUSÃO

 
NUNCA


Nunca
Nem que o mundo caia sobre mim
Nem se Deus mandar nem mesmo assim
As pazes contigo eu farei

Nunca
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei

Saudade
Diga a essa moça, por favor
Como foi sincero o meu amor
Quanto eu a adorei tempos atrás

Saudade
Não esqueça também de dizer
Que é você que me faz adormecer
Pra que eu viva em paz
 
by Lupicínio Rodrigues
 
 
                    Depois de muitos anos sem ver-te, perdido de ti na vastidão do mundo, arrastei meu sofrimento junto, até que o tempo se encarregou de apagar ou aliviar esta dependência que tinha de ti, foi o fim     da nossa relação de amizade real. Passaram-se os anos, evoluímos e chegamos na internet, demorei, relutei, mas me fizeram um facebook, para melhor contatar os amigos e parentes perdidos...então nos encontramos na web, e percebemos que nossa amizade continuava firme e forte. Nunca gostei muito de face mas acabei por começar a curtir as postagens, e a fazer comentários. Como sou Cristão, tenho Fé em Deus, comentei tua postagem em que brincavas com a figura de Deus, disse que era engraçado mas conseguia ter uma outra visão da situação...passado um tempo, verificando no meu face, percebo  que um comentário   feito por mim, havia sido deletado. Foi o comentário que fiz no teu face amigo (amigo ?). 
                    Então percebi que a amizade quando quebra, é como uma taça de cristal, não é possível mais colar os pedacinhos...às vezes a distancia e o tempo fazem aflorar o que temos de mais verdadeiro em nós, e , às vezes esta verdade se choca com a verdade alheia, então percebemos que nadamos em correntes opostas, que só nos distanciamos cada vez mais.
                    Melhor assim.

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

JÚPITER

DESENCANTO

 
 
DESENCANTO
 
 
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústica rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.
by Manuel Bandeira

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

EU SIGO ADIANTE

 
 
Cocktail Party
 
 
 
Não tenho vergonha de dizer que estou triste,
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas:
Estou triste por que vocês são burros e feios
E não morrem nunca...
Minha alma assenta-se no cordão da calçada
E chora,
Olhando as poças barrentas que a chuva deixou.
Eu sigo adiante. Misturo-me a vocês. Acho vocês uns amores.
Na minha cara há um vasto sorriso pintado a vermelhão.
E trocamos brindes,
Acreditamos em tudo o que vem nos jornais.
Somos democratas e escravocratas.
Nossas almas? Sei lá!
Mas como são belos os filmes coloridos! (Ainda mais os de assuntos bíblicos...)
Desce o crepúsculo
E, quando a primeira estrelinha ia refletir-se em todas as poças d'água,
Acenderam-se de súbito os postes de iluminação!
 
 by  Mário Quintana
 
 
 
 
 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

ACIDENTE, SANGUE E VIDRO




Uma leve dança de vidro, que se quebra quando cai. Mesmo que flutuasse numa loja de cristais, a falsa brisa não sustentará no ar nenhuma arrogância ou indiferença dos teus olhos que me desconhecem, me ignoram. Os estilhaços do carro capotado, formavam montes de vidros, falsos cristais, falsos diamantes, que dona Elvira não resistiu seu brilho e pensou no túmulo de sua adorada irmã morta, desde sempre morta no ventre de sua mãe. Elvira a gêmea que sobreviveu. Ofélia, o feto morto. Todos correram para ver o acidente...Fui o primeiro a ver um filete de sangue que saia lentamente de dentro do carro capotado, apontei e quanto mais se olhava mais sangue surgia, agora aos borbotões, jorrando nas pessoas que começaram a se afastar horrorizadas. Volto para casa e continuo minha caça as palavras, agora junto mais uma: A - c - i - d - e - n - t - e, e mais outra: S - a - n - g - u -e  sangue. Da janela vejo a pessoas passarem apressadas comentando apavoradas, que não havia corpo dentro do carro...quando um último grupo passou, pude ouvir: dona Elvira ficou lá, catando pedaços de vidro que não haviam sidos manchados pelo sangue, para enfeitar o túmulo de sua irmã. Vidro, pensei e cacei mais uma palavra. V – i – d – r – o, repeti para mim, era realmente uma bela palavra, para aprisionar no papel ou na canção.


“Vidro
O cristal
Um vitrô azul
A louça chinesa
Que nunca quebrou”

by Vitor Ramil

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

ANDO DEVAGAR PORQUE JÁ TIVE PRESSA

 
 
TOCANDO EM FRENTE
 
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe?
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou.


Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz.

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
de ser feliz.

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.
 
by Almir Sater

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

PERDIDOS





Formavam uma imensa, infinita horda humana caminhando a esmo no hemisfério norte, carregavam saudade, dor, esperança... era a esperança que os alimentava a seguirem, quase sem ter para onde, portas e portões fechados a todo instante, nesta longa travessia, caminhos sem fim. Para trás, além dos passos, cansados, doídos, deixam seus filhos mortos, os sonhos que vão caindo ao chão, como o pão picado deixado por João e Maria, para encontrarem o caminho de volta, mas o pão e o sonho serão consumidos pouco a pouco pelo tempo, e não haverá mais volta, e não haverá mais vida. O cansaço os lança para frente, ombro a ombros, apoiam-se, um farelo de pão, dividem. Tudo que sabem ou querem é a paz que há muito deixou de existir na terra natal. Mas até quando caminhar ? Onde chegar e descansar na sombra de uma árvore colorida, sob o céu que os protege...desligo a televisão e tento relaxar. Não consigo não pensar na travessia, não consigo não pensar em mim, nas pessoas que ficaram, passaram nesta minha caminhada a passos lentos para o futuro. Restam lembranças, saudade, nunca arrependimento, mesmo dos momentos mais complicados das relações humanas que a vida nos impõem...mesmo que teus olhos me neguem, como Judas negou Cristo, não vou quebrar os vitrais da Igreja, eles representam a Santa Ceia, em que traídos e traidores brindam... Brindemos: “Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as nações”. Enquanto não conseguirmos olhar para o ente ao lado de verdade, respeitar o espaço alheio, a vida alheia. Enquanto não libertarmos nossos corações para o amor, nossos braços para um abraço. Enquanto houverem crianças chorando de fome. Enquanto as matas estão sendo queimadas. Enquanto não perdoarmos os pecados feitos antes de nós. Enquanto não cortarmos as divisas que separam o mundo, enquanto não enxergarmos com os olhos da alma....andaremos perdidos pelo mundo, perdidos dentro de nós...e andaremos a esmo pelos dias, pelas noites sem fim.



“Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.”
by Legião Urbana