sexta-feira, 16 de junho de 2017

FALO BAIXO PARA MEU SILÊNCIO


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Falo baixo para meu silêncio. As portas estão todas fechadas, as janelas também, e meu coração. Não sei mais o que dizer, quando não falas comigo, me deixando no vácuo...Hoje me arrastei da cama, para chegar até aqui, para receber este olhar de desprezo e dor. Nunca falei desta grande dor no peito, que hoje pode explodir em sangue, em grito ou em raiva, contida dentro do coração, que sofre e se joga para morte do quadragésimo degrau. Os tempos de paz ficaram para trás, hoje não tenho nada, nem falar eu falo, apenas ouço música, que é permitido, para conter minha loucura suicida e apreciar melhor o dia. A música tem poder sobre mim, mantém minha lucidez. Do que adiantou sorrir para o estranho que chega, se os próximos me fecham a cara e não dizem nada, apenas o silêncio. O silêncio daqueles de hospital, que é cortado quase sempre por um gemido de dor, ou o grito do cão preso e maltratado, ou do bebê com dor de barriga .Tento entender, me aproximar, mas também não consigo. Falo baixo para meu silêncio.

7 comentários:

  1. Meu amigo Jair, tem um pensamento de Artur da Távola que adoro, é tão certo, tão particular...

    "Quem tem vida interior jamais padecerá de solidão!"

    Acho que essa citação resumi muita coisa de nossas vidas. O emprego é apenas um lugar para se sobreviver, mas a vida é bem mais que os colegas de trabalho. Primeiro é 'estar bem conosco', com o que temos, sem precisar da forcinha básica de alguém para arrumar nossa cabeça. Só assim ficaremos bem com os outros, com o mundo. Tem tanta coisa boa que podemos fazer por nós, amigo!
    Vai nessa... e fique bem com suas músicas, televisão, livros... e o bloguinho!! Silêncio é bom, mas é preciso saber usá-lo. Conheço gente que não suporta silêncio, mas eu já gosto bastante.
    Grande abraço!

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    1. Minha querida amiga Tais, gosto do pensamento de Artur da Távola, e poderia me orientar por ele, mas é muito mais, a vida que é simples, se torna complicada, pois o quero, o que tenho e o que poderia ter sido, sou muita interrogação, mas busco estar bem comigo.. Depois que passa e leio novamente o que escrevi, percebo as falhas, ou o que quis dizer nas entrelinhas, eu me redescubro me lendo, nem sempre gosto ou aprovo, mas o que está feito, está feito. Minhas manhãs, o início delas no trabalho é um tanto cansativo, enfim...Se for um profissional, como tenho, psicólogo e psiquiatra eu aceito a ajudinha para melhorar minha cabeça, mas gostaria de não precisar. Vou ficar bem com minhas coisinhas, música, livros, tv (minha companheira e amiga), quanto a bloguinho não tenho tanta certeza, acho que tou na crise dos 8 anos de blog, acho que estou partindo para uma intimidade profunda e pessoal, sem muito interesse, (eu acho) para os leitores de blogs, por isso, pela enésima vez penso em retirar os comentários, mas eu gosto, mas acho que nesta vibe é preciso. Meu silêncio, e eu que até gostava de barulho, hoje me incomodo...mas vou seguindo minha amiga Tais, o tempo não para, e minha vida precisa andar para frente. Obrigado sempre por teus comentários tão lindos e profundamente sérios, não perdendo a tua leveza, obrigado. Carinho respeito e abtraço

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  2. Olá Jair, teu post me fez lembrar de um livro da década de 40, o qual gosto muito do título: O Resto é silêncio, de Erico Veríssimo. Trata sobre o suicídio de uma moça que cai do décimo andar de um edifício em Porto Alegre, onde moro. Curiosamente, logo após tê-lo lido, uma moça que morava no nono andar do meu edifício, também se jogou para a morte. Aquilo me marcou muito, não conseguia entender. Meu pai dizia que ela havia morrido "de silêncio", tão quieta era, quase invisível também. Há silêncios que valem mais do mil palavras, dizem, mas o meu pai dizia que o silêncio é perturbador também.

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    1. Olá poderosa Madi, muito feliz com tua elegante presença...acho lindo o título deste livro, mas confesso um grande pecado, conheço pouco da obra de Érico Veríssimo, mas devoro tudo do filho...putz que louco esta tua história das meninas se jogando para o suicídio, e teu pai diz palavras bem emblemáticas para o caso, alguém ter morrido de silêncio...entendo também não salutar os exageros, nem muito silêncio nem muito barulho, e como conseguir este equilíbrio ? Querida Madi, obrigado por não esquecer de mim, deste bloguinho. Carinho respeito e abraço.

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  3. esses dias fui num enterro e estava todo mundo em silêncio na capela onde ocorria o velório. um silencia literalmente sepulcral. de uns vinte minutos. o que cortou o silêncio foi um gemido desesperado na capela ao lado, provavelmente da filha ou da esposa do morto que eu nem conhecia. foi horrível.

    "Os tempos de paz ficaram para trás, hoje não tenho nada"

    eu entendo o que você diz. pelo menos eu sinto.

    o texto é lindo, mas é melhor focar nas músicas e se manter com a dose certa de loucura.

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    1. Gosto de cemitérios, mas não de enterro, mas acho que este que tu estavas, eu seria capaz de rir (sou meio mórbido), mas não perco a piada (é preciso humor). É um texto que escrevi num profundo sentimento de negação, da minha vida, de tudo...fui feliz na infância, e a felicidade par3ece que ficou lá, ou ela enfraquece à medida que amadurecemos...seguirei teu conselho e focar na música para manter equilibrada minha dose de loucura. Caríssimo Antônio de Castro, muito feliz e agradecido por estares por aqui e me trazeres palavras tão iluminadas, obrigado. Carinho respeito e abraço.

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  4. Olá, amigo Jair!
    Para juntar-se ao seu silencio, já que o momento é encolher-se dentro de uma concha, sugiro que ouça esta música, amigo! Forte abraço!

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