quinta-feira, 11 de outubro de 2018

ENQUANTO EXISTO


Resultado de imagem para um leão de fogo


Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei

Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
no deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar”



by Adriana Calcanhoto



                Tenho uma querida amiga que diz, que ao termos certa idade adulta começam as dores, e sempre saberemos que estamos vivos, basta logo ao acordar, sentir uma dor, este é o sinal...sempre ríamos quando falávamos disso. Hoje entendo bem esta piadinha real. A dor prova que existo, logo penso ? Dane-se Descartes, apenas existimos e deixamos de existir, claro, todos temos uma existência, um tempo para ser vivido, antes da inexistência. Existo, penso e logo inexisto. “Lá mesmo esqueci que o destino Sempre me quis só...” No meu tempo de vida, que ainda gozo, sempre tive amigos sinceros e de coração, mas sempre estive só, ou melhor, ficava só, partindo para minha vida, assim como este amigo parte para a sua. A solidão foi se tornando inevitável e parte de minha vida. Mas não via com bons olhos, até alguém me dizer o que represento no Tarot, ou, que sou representado pela carta de número 9 do Tarot. Esta carta simboliza recolhimento, meditação, autoconhecimento, iluminação, concentração, prudência, isolamento e reavaliação. Sei que estou mais para isolamento e reavaliação, do que os outros predicados. O fato é que acalmou meu coração partido, costurado, remendado e quase cicatrizado nestes longos anos que estou vivendo, e mesmo só, adorando. “Não quero mais a morte, tenho muito que viver, vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer”, sussurra em meus ouvidos esta linda melodia, Milton Nascimento. Tenho saudade daquele tempo das amizades juvenis, brincadeiras, risos, confidências, segredos e liberdade, muita liberdade. Escolhi meu caminho e segui, por vezes só, por vezes acompanhado, e novamente só, até os dias de hoje. Busco meu melhor no meu interior, lidar com o próximo, meu maior desafio, que venho melhorando com o passar dos anos, é uma questão profissional e de sobrevivência, pois precisamos todos, de dinheiro para viver com um mínimo de dignidade...o que não ocorre neste país chamado Brasil, cuja maioria da população é pobre em contraponto a uma minoria que tem tudo. Por isso meu casulo, o mesmo de Emily Dickinson, que serve de morada e transformação, refugio e liberdade das asas, para partir ou seguir seu caminho só. Como estou hoje, ainda com esperanças de um amanhã feliz, embora meu tempo já seja tão pouco, enquanto existo.

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