Quase
cansei de te esperar, então resolvi contar estrelas e deixar
que meus pés tocassem as águas do riacho que passa,
como o tempo, como minha vida, como os amigos deixados para trás, e os que me deixaram. Agora eu sei
que a distância e a internet não fazem muito sentido.
Existe o abandono virtual, de quem escreve, de quem lê, de quem
olha. As escolhas que fizemos ou deixamos de escolher, deixar
fluir. Estou na estrela 1001, e quase adormeci. Uma verruga no dedo,
diria minha avó, por apontar o céu estrelado. Meu
inferno astral está chegando ao seu ápice, espero
sobreviver depois disso, como sobrevivi até hoje. Estou só,
isto é fato, mas não me queixo. De novo minha falecida
avó, antes só do que mal acompanhado. Talvez seja eu a má
companhia, talvez não tenha nada a dizer sobre minha vida,
sobre as estrelas, como diria Olavo Bilac:
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo? "
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas".
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo? "
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas".
by Olavo Bilac