sexta-feira, 20 de abril de 2018

- NA BOCA, NA BOCA


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Na boca

Sempre tristíssimas essas cantigas de carnaval
Paixão
Ciúme
Dor daquilo que não se pode dizer

Felizmente existe o álcool na vida
E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume
Quem me dera ser como o rapaz desvairado!
O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas
E gritava pedindo o esguicho de cloretilo:
- Na boca!Na boca!
Umas davam-lhe as costas com repugnância
Outras porém faziam-lhe a vontade.

Ainda existem mulheres bastante puras para fazer vontade aos viciados

Dorinha meu amor....
Se ela fosse bastante pura eu iria agora gritar-lhe como o outro:
- Na boca!Na boca!

Manuel Bandeira
(1886-1968)

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Acho nostálgico, e um lindo poema, que fala de um antigo carnaval, como só Manuel Bandeira, o grande poeta, poderia criar. Obrigado meu amigo, tua presença me faz muito bem, me sinto lembrado...carinho respeito e abraço.

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