quarta-feira, 12 de julho de 2017

NENHUMA RESPOSTA ME SATISFAZ

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Pitty amamentando


Déjà Vu

Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade já não dói

Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz 
Nem mesmo o tédio me surpreende mais

Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo

Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai

E não há razão que me governe
Nenhuma lei pra me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar

Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo

A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou

Mas já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Faz algum tempo

A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou

Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa
Não tenho pressa


by Pitty e Peu Souza

ps. Um dos dez maiores icebergs já registrados se desprendeu da Antártida, disseram cientistas nesta quarta-feira. O iceberg de um trilhão de toneladas, que mede 5.800 quilômetros quadrados (área quatro vezes maior que a cidade de São Paulo ou equivalente ao Distrito Federal), se soltou da plataforma de gelo Larsen C da Antártida. A separação aconteceu em algum momento entre 10 e 12 de julho, segundo os pesquisadores do Projeto Midas, das universidades de Swansea e de Aberystwyth, no País de Gales, e do Instituto de Pesquisa Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês).

terça-feira, 11 de julho de 2017

O QUE É MEU DESSABOR DA VIDA, DIANTE DO DETERRETIMENTO DAS CALOTAS POLARES?


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Tropeço de decepção em decepção, assim são os meus dias, como agora...fui traído por uma rádio na web que anunciou meu pedido e não tocou, sei que é drama, alguém diria, não tem nada de mais, claro que não tem, não é com ela. E assim coleciono meus dias sem ninguém que possa confiar, pois logo ali está a decepção. Até que lido bem com isso, não bato em ninguém, só preciso controlar a língua para não despejar toda minha frustração em um inocente. O mundo sempre foi assim comigo, o universo conspira contra qualquer desejo ou sonho meu. Resta-me as migalhas de um terapeuta e um psiquiatra que mal me conhece e receita todos aqueles remédios, e meu trabalho para receber um salário, que não é nada neste país maldito, saqueado por seus governantes... Pareço meio amargo, quase azedo, mas a parte do país é verdadeira. Quantas músicas terei de ouvir para descobrir se alguma realmente faz algum sentido em minha vida. O que é meu dessabor da vida, diante do derretimento das calotas polares ?

segunda-feira, 10 de julho de 2017

O GAROTO ETERNAMENTE ATORMENTADO


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The Smiths



Eram tardes abafadas, escaldante o Sol, mas caminhar é preciso, viver não. Atravesso o campo de futebol e lá do outro lado a casa de meu amigo Jaca, parecia um Oásis depois desta longa caminhada. E não deixava de ser um Oásis, para mim pelo menos, eles tinha muitos discos, livros e frequentava a classe média e os cabeças pensantes da quela cidadezinha pedida no Rio Grande do Sul. Adentro o pátio, e vou pelas sombra das árvores para a parte dos fundos, a cozinha. Chegando tem uma janela que olho e ele está lá, com seus mesmos velhos óculos, aquele sorriso de canto da boca, sempre na véspera de uma tirada irônica ou sarcástica. Vejo que examina um mapa, el e me mostra e sorri. Era o mapa do Saara. Comecei a rir, este é meu amigo Jaca. Bebíamos muita água, a geladeira quase não dá conta. Uma tarde de conversas e músicas, mas o tempo virou, armou-se uma tempestade para os lados do Uruguai e começou a correr uma estranha e deliciosa brisa, misturada ao vento e ao calor. Dá janela fiz um de meus passatempos favoritos, olhar as nuvens no céu, um céu há pouco azul, agora turvo, algumas nuvens apressadas, outras que se chegavam, como se estivessem combinado de esconder o azul do céu. Meu amigo havia dito que precisava me mostrar algo, neste ínterim, ele apenas me diz: ouve. E de seu toca disco, era um vinil pequeno de apenas uma música, começo a tocar a mais bela canção que meu coração já sentiu, tomado pela melodia e aquela voz que dizia e sofria e cantava com uma verdade jamais sentida por mim...”the boy with the thorn in his side, behind th hatred there lies, a muderous desire for love, how can they look into my eyes, and still they don't belive me?...até então não sabia o que cantava, mas sentia que era pra mim e olhando céu, agora tomada das nuvens negras, as cumulus nimbus, quando caíram os primeiros pingos de chuva, eu já estava tomado por um pranto sem fim, sem recado e sem porque...como se a música fosse minha penitencia, e após estaria completamente limpo, livre e inocente. Um garoto eternamente atormentado, por pecados que nem sequer havia cometido, ali naquela cozinha, o único amigo testemunha deste pranto, que logo saberia porque. Assim foi meu encontro com The Smiths.



O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo homicida por amor
Como podem olhar nos meus olhos
E ainda não acreditarem em mim?
Como podem me ouvir dizer essas palavras
E ainda não acreditarem em mim?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia acreditarão?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia, algum dia acreditarão?
Oh

O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo saqueador... por amor
Como podem ver o Amor em nossos olhos
E ainda não acreditar em nós?
E depois de todo esse tempo
Eles não querem acreditar em nós
E se não acreditam agora
Algum dia acreditarão?

E quando você quer viver
Como você começa, onde você vai?
Quem você precisa conhecer?

by The Smiths


sexta-feira, 7 de julho de 2017

LOUCAS MELODIAS, PALAVRAS FEROZES


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Movimento Afro-Punk




No post anterior coloquei uma letra de música dos Inocentes, uma lendária banda punk brasileira, cujo vocalista e líder da banda é Clemente, um negro, o que me aproximou mais ainda do punk, que não era uma coisa só de branco. O punk me causou um grande impacto ao conhecer. Era uma cultura punk, mas para mim foi uma porta que se abriu para um garoto de 10 anos que procurava por algo, e o caminho era a leitura. Era no interior do Rio Grande do Sul, um estado tradicionalmente racista, que o digam os Lanceiros Negros na famosa Guerra dos Farrapos, que até hoje se conta em verso e prosa. Assim como a leitura marxista me ensinava que o proletariado nada teria a perder. Eu um filho de um proletário, aceitei estas palavras, até como desculpa. Mas como fazer...aos poucos foram chegando a mim imagens dos punks ingleses, e não era muito diferente de minha roupa, apesar da minha limpa. Eram dias cinzentos, rasguei nos joelhos meu jeans, minha mãe olhou e não disse nada, meu pai também. Um parêntese. Meus pais sempre me respeitaram e me permitiram a liberdade necessária para eu começar a me entender. Fecha parêntese. Mas no fundo era um dândi, encantado com uma nova forma de se fazer música, dois acordes e estaria feito um hit. Faça você mesmo. Os amiguinhos de infância se foram todos, eu estava só. Meu primeiro encontro com a solidão. Precisava fortalecer meus argumentos, saber o que se passava no mundo. E adentrei de vez no mundo da leitura, muito mais que por prazer, existia uma busca, um querer saber e conhecer, algo que só a leitura é capaz de fazer. Mesmo hoje com internet, não adianta ir olhando, dando likes, e acelerar tudo, querendo ver a próxima coisa, sem saber o que se passa neste exato momento. Ouvi as primeiras músicas, digamos, punk, e não era a melhor coisa do mundo, além do barulho que me agradava na época, louca melodia, palavras ferozes. Desde esta época invoco meu poeta quase que totalmente favorito, não fossem os outros monstros da poesia do Brasil e do Mundo, que adoro, Augusto dos Anjos, um poeta além do seu tempo. Ele já fazia letras/poemas punks nos primórdios da literatura brasileira. Já adolescente com uma pequena bagagem de leituras, encontro outros leitores, um grupo que se juntou, na desculpa de fazer teatro, e se fez, mas era uma necessidade mútua de ter pessoas que fossem pelo menos parecidas, com algo em comum, no nosso caso, era conhecimento, tanto abobrinhas como filosofia, poesia e prosa, buscávamos ser mais humanos, mais livres, e felizes e brincávamos de teatro: Verso Explícito. Onde consegui juntar o punk dentro de mim com a poesia de Augusto dos Anjos.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

E A NOITE É ETERNA

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EXPRESSO ORIENTE


Viaje conosco no Expresso Oriente
E venham conhecer as maravilhas das Arabias
Onde as crianças brincam no Front
E o melhor brinquedo são armas importadas
Vejam esse exemplo de fé e devoção
Soldados do Irã e do Iraque marchando direto pro caixão
Conheça de perto as lindas ruinas do Libano
Bronzei-se no Saara as margens do Rio Nilo

Viajando no expresso oriente

Conheça um pouco da cultura Palestina
Se hospedando nôs campos de Sabre e Chatila
Onde o chão amanheceu cobertos de corpos
A triste lembrança da noite dos mil mortos
Num Oasis do deserto reservamos um show para vocês
Com dançarinas Arabes que desconhecem o prazer
Na despedida o coral mutilados da santa guerra
Deverá cantar uma canção chamada paz na Terra

Viajando no expresso oriente

Façam já suas reservas e viajem conosco no expresso
Oriente e conheçam a terra aonde nunca amanhece
 e a noite é eterna

Viajando no expresso Oriente

by INOCENTES

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O LIMITE DA VIDA E DA MORTE



Resultado de imagem para LUGAR MÓRBIDO

Eu subi pro alto da montanha.

Pra ver a planície.

Os homens pequeninos.

A aldeia de longe, longe, longe.

E pra esquecer...”



by Nei Lisboa





Quanto tempo ainda terei após meio século de ilusões e muita solidão. Caminhos tortos seguidos. Perdidos, assim nada tem o tempo a ver com isso. Nossas escolhas que vivemos, isso sem direito a ensaios. A vida como ela é. O amor que se conheceu era vidro e se quebrou, e nunca houve tempo ou espaço para praticarmos algum sonho. Dias de nada e crescimento vão. Bebê. Homem. Velho. Morto, e a vida à margem. Tempo. Trabalho. Família. Trabalho. Felicidade ? (07/03/2017)








Se chama lipoma, não é maligno como eu imaginava, até esperava, por pedir e falar tanto em morte, mas Deus é mais, Ele sabe de meu humor mórbido. Um pequeno caroço que se transformou em algo visível, de fora, embora dentro do corpo. A sensação da morte muito próxima, toda vez que toco este tumor em forma de ovo, por dentro da pele.

terça-feira, 4 de julho de 2017

SOMOS TÃO DISTANTES

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Somos tão distantes uns dos outros, inventamos caminhos distraídos. Conexões perdidas entre as raízes das árvores. Sim, elas se comunicam, agora eu sei, e “só as árvores são naturais, o resto é fruto da mente do homem”. Comecei assim minha caminhada, de árvore em árvore. No início eram brincadeiras, balanços, navios e naves espaciais. Depois o entrincheiramento, a fuga e o esconderijo...sobre árvores brinquei minha infância, no alto, distante de quase todos, existiam os meninos perdidos, que sempre estavam sobre árvores, e por vezes, os encontrei e brinquei, mas distantes uns dos outros. Corpos estranhos em lugar comum a todos. Não adianta uma multidão, se te sentes só. Como diz aquela canção de um suicida: “quando a rotina pesada e as ambições são pequenas, e o ressentimento voa alto, mas as emoções não crescem. E estamos mudando nossos caminhos, pegando estradas diferentes”. Somos tão distantes e estranhos uns aos outros. Inventamos caminhos de amor e morte e desculpas para não olhar nos olhos. Negamos respostas que se encontram dentro de nós, mas não sentimos nem vemos. Seguimos caminhos entre árvores, que se colocam lado a lado, em pares, unidas pelas raízes do amor eterno, e resistem ao tempo e as tempestades, aos raios que teimam em se atrair por elas, matando uma, morre de amor a outra. Menos oxigênio, pouco a pouco, pois nossas conexões não são fiéis como as árvores, e apesar do tempo gasto entre nós, estranhos e individualistas, nada mudará este estado, esta forma de viver. Somos tão distantes e estranhos uns dos outros.




"When routine bites hard and ambitions are low
and resentment rides high but emotions won't grow
And we're changing our ways
taking different roads"

by Joy Division