segunda-feira, 10 de julho de 2017

O GAROTO ETERNAMENTE ATORMENTADO


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The Smiths



Eram tardes abafadas, escaldante o Sol, mas caminhar é preciso, viver não. Atravesso o campo de futebol e lá do outro lado a casa de meu amigo Jaca, parecia um Oásis depois desta longa caminhada. E não deixava de ser um Oásis, para mim pelo menos, eles tinha muitos discos, livros e frequentava a classe média e os cabeças pensantes da quela cidadezinha pedida no Rio Grande do Sul. Adentro o pátio, e vou pelas sombra das árvores para a parte dos fundos, a cozinha. Chegando tem uma janela que olho e ele está lá, com seus mesmos velhos óculos, aquele sorriso de canto da boca, sempre na véspera de uma tirada irônica ou sarcástica. Vejo que examina um mapa, el e me mostra e sorri. Era o mapa do Saara. Comecei a rir, este é meu amigo Jaca. Bebíamos muita água, a geladeira quase não dá conta. Uma tarde de conversas e músicas, mas o tempo virou, armou-se uma tempestade para os lados do Uruguai e começou a correr uma estranha e deliciosa brisa, misturada ao vento e ao calor. Dá janela fiz um de meus passatempos favoritos, olhar as nuvens no céu, um céu há pouco azul, agora turvo, algumas nuvens apressadas, outras que se chegavam, como se estivessem combinado de esconder o azul do céu. Meu amigo havia dito que precisava me mostrar algo, neste ínterim, ele apenas me diz: ouve. E de seu toca disco, era um vinil pequeno de apenas uma música, começo a tocar a mais bela canção que meu coração já sentiu, tomado pela melodia e aquela voz que dizia e sofria e cantava com uma verdade jamais sentida por mim...”the boy with the thorn in his side, behind th hatred there lies, a muderous desire for love, how can they look into my eyes, and still they don't belive me?...até então não sabia o que cantava, mas sentia que era pra mim e olhando céu, agora tomada das nuvens negras, as cumulus nimbus, quando caíram os primeiros pingos de chuva, eu já estava tomado por um pranto sem fim, sem recado e sem porque...como se a música fosse minha penitencia, e após estaria completamente limpo, livre e inocente. Um garoto eternamente atormentado, por pecados que nem sequer havia cometido, ali naquela cozinha, o único amigo testemunha deste pranto, que logo saberia porque. Assim foi meu encontro com The Smiths.



O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo homicida por amor
Como podem olhar nos meus olhos
E ainda não acreditarem em mim?
Como podem me ouvir dizer essas palavras
E ainda não acreditarem em mim?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia acreditarão?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia, algum dia acreditarão?
Oh

O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo saqueador... por amor
Como podem ver o Amor em nossos olhos
E ainda não acreditar em nós?
E depois de todo esse tempo
Eles não querem acreditar em nós
E se não acreditam agora
Algum dia acreditarão?

E quando você quer viver
Como você começa, onde você vai?
Quem você precisa conhecer?

by The Smiths