Blocos
de concreto lembram de vez que aquele prédio está
condenado, dois andares construídos a ferro e pedra, sendo
usada a mão do obra escrava para construí-lo. Agora
escombros empoleirados em dois andares prestes a ruir. Uma das ruelas
que encontrei nas minhas idas e vindas, pequena e aquele prédio
emblemático, embora em ruínas, mantinha uma altivez,
que deve ter fechado seu ciclo. Os espíritos que por ali
habitavam já encontraram seus caminhos para a luz ou para as
trevas. O prédio, último elo das vidas que ali um dia
respiraram, ou foram açoitados, a dor, algo tão humano
e desumano, era uma vida não vida. Eram escravos. Mas as almas
penadas eram de seus sinhozinhos e sinhazinhas, que conseguiam provar
a cada dia de vida, quanta maldade pode fazer o ser humano. Vimos
depois o Holocaustos. (Ainda me corrói a dúvida quase
certeza, de que os judeus eram os donos da Companhia das Índias).
E eles de novo, como hebreus na antigo Egito, assim diz a
Bíblia. Mas o que importa é a hora em que o prédio
vir a baixo, acabará ciclo, se fechará o portal... os
índios das Américas forma dizimados também,
aliás, ao longo de nossa história humana, batalhas
foram travadas, vidas ceifadas e hoje... hoje temos uma guerrilha
declarada na ruas das grandes e pequenas cidades, balas perdidas, crime
contra as mulheres, os negros, os homossexuais e uma longa e variada
lista de crimes praticados todos os dias contra nós. Mas a
pior quadrilha de bandidos, são nossos políticos na
administração pública, que está se
transformando em genocídio, a falta de políticas
públicas para a saúde, a educação, para
não deixar o povo morrer de fome e nem se tornem bandidos
saqueando mercados para matar a fome dos filhos...Sinceramente,
quando aquele prédio ruir de vez, espero que feche o ciclo de
dor das almas e abra um novo ciclo de honestidade, para quem sabe,
consertarmos nosso país.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
quinta-feira, 13 de julho de 2017
ESTRANHAMENTE FELIZ NESTES DIAS DE INVERNO
Dias
nostálgicos aqui deste lado dos campos, deste planalto...um
verde infinito, interrompido por terras prontas para o plantio. Do
alto parecia que o campo sangrava, mas logo se colheria o que se
haveria plantado. Tudo é muito relativo, por um olhar
junguiano. O Sol brilha num céu azul cor de anil,
estranhamente feliz nestes dias de inverno. Que é quando meu
coração ao invés de continuar hibernando,
desperta para as doces e amargas lembranças de um amor que era
vidro e se quebrou, e eu não soube existir, fugi correndo, sem
entender o que sentia e como lidar com esta felicidade que
emanava de outra pessoa, agora com poderes sobre mim...um tanto de
mágoa agora aos 50 anos, já no fim, sem ter amado de
verdade. Posso entender o que meu terapeuta tenta achar nas minhas
tristezas e depressões insolúveis: dor, mágoa,
tudo que poderia ter sido e não foi, e não fui eu o
escolhido. Lamento tanto passar in albis para o amor nesta
existência, que me consome e leva um pouco de minha vida, todo
dia, para o inevitável fim Neruda, Vinicius, os poetas do
romantismo brasileiro, que morriam de amor e tosse ao 21 anos. Como
os invejei, mas entrei em pânico próximo aos 21 anos,
achando que iria morrer...até o anjo-poeta Quintana, falou do
amor, um amor que não passa de puro abstrato na minha vida.
Teoria poética, o resto é dor.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
by Vinicius de Moraes
quarta-feira, 12 de julho de 2017
NENHUMA RESPOSTA ME SATISFAZ
Déjà Vu
Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo
Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei pra me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo
A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou
Mas já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Faz algum tempo
A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou
Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa
Não tenho pressa
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo
Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei pra me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo
A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou
Mas já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Faz algum tempo
A minha alma nem me lembro mais
Em que esquina se perdeu
Ou em que mundo se enfiou
Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa
Não tenho pressa
by Pitty e Peu Souza
ps. Um dos dez maiores icebergs já registrados se desprendeu da Antártida, disseram cientistas nesta quarta-feira. O iceberg de um trilhão de toneladas, que mede 5.800 quilômetros quadrados (área quatro vezes maior que a cidade de São Paulo ou equivalente ao Distrito Federal), se soltou da plataforma de gelo Larsen C da Antártida. A separação aconteceu em algum momento entre 10 e 12 de julho, segundo os pesquisadores do Projeto Midas, das universidades de Swansea e de Aberystwyth, no País de Gales, e do Instituto de Pesquisa Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês).
terça-feira, 11 de julho de 2017
O QUE É MEU DESSABOR DA VIDA, DIANTE DO DETERRETIMENTO DAS CALOTAS POLARES?
Tropeço
de decepção em decepção, assim são
os meus dias, como agora...fui traído por uma rádio na
web que anunciou meu pedido e não tocou, sei que é
drama, alguém diria, não tem nada de mais, claro que
não tem, não é com ela. E assim coleciono meus
dias sem ninguém que possa confiar, pois logo ali está
a decepção. Até que lido bem com isso, não
bato em ninguém, só preciso controlar a língua
para não despejar toda minha frustração em um
inocente. O mundo sempre foi assim comigo, o universo conspira contra
qualquer desejo ou sonho meu. Resta-me as migalhas de um terapeuta e
um psiquiatra que mal me conhece e receita todos aqueles remédios,
e meu trabalho para receber um salário, que não é
nada neste país maldito, saqueado por seus governantes...
Pareço meio amargo, quase azedo, mas a parte do país é
verdadeira. Quantas músicas terei de ouvir para descobrir se
alguma realmente faz algum sentido em minha vida. O que é meu
dessabor da vida, diante do derretimento das calotas polares ?
segunda-feira, 10 de julho de 2017
O GAROTO ETERNAMENTE ATORMENTADO
Eram
tardes abafadas, escaldante o Sol, mas caminhar é preciso,
viver não. Atravesso o campo de futebol e lá do outro
lado a casa de meu amigo Jaca, parecia um Oásis depois desta
longa caminhada. E não deixava de ser um Oásis,
para mim pelo menos, eles tinha muitos discos, livros e frequentava a
classe média e os cabeças pensantes da quela
cidadezinha pedida no Rio Grande do Sul. Adentro o pátio, e
vou pelas sombra das árvores para a parte dos fundos, a
cozinha. Chegando tem uma janela que olho e ele está lá,
com seus mesmos velhos óculos, aquele sorriso de canto da
boca, sempre na véspera de uma tirada irônica ou
sarcástica. Vejo que examina um mapa, el e me mostra e sorri.
Era o mapa do Saara. Comecei a rir, este é meu amigo Jaca.
Bebíamos muita água, a geladeira quase não dá
conta. Uma tarde de conversas e músicas, mas o tempo virou,
armou-se uma tempestade para os lados do Uruguai e começou a
correr uma estranha e deliciosa brisa, misturada ao vento e ao calor.
Dá janela fiz um de meus passatempos favoritos, olhar as
nuvens no céu, um céu há pouco azul, agora
turvo, algumas nuvens apressadas, outras que se chegavam, como se
estivessem combinado de esconder o azul do céu. Meu amigo
havia dito que precisava me mostrar algo, neste ínterim, ele
apenas me diz: ouve. E de seu toca disco, era um vinil pequeno de
apenas uma música, começo a tocar a mais bela canção
que meu coração já sentiu, tomado pela melodia e
aquela voz que dizia e sofria e cantava com uma verdade jamais
sentida por mim...”the boy with the thorn in his side, behind th
hatred there lies, a muderous desire for love, how can they look into
my eyes, and still they don't belive me?...até então
não sabia o que cantava, mas sentia que era pra mim e olhando
céu, agora tomada das nuvens negras, as cumulus nimbus, quando
caíram os primeiros pingos de chuva, eu já estava
tomado por um pranto sem fim, sem recado e sem porque...como se a
música fosse minha penitencia, e após estaria
completamente limpo, livre e inocente. Um garoto eternamente
atormentado, por pecados que nem sequer havia cometido, ali naquela
cozinha, o único amigo testemunha deste pranto, que logo
saberia porque. Assim foi meu encontro com The Smiths.
O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo homicida por amor
Como podem olhar nos meus olhos
E ainda não acreditarem em mim?
Como podem me ouvir dizer essas palavras
E ainda não acreditarem em mim?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia acreditarão?
E se não acreditam em mim agora
Algum dia, algum dia acreditarão?
Oh
O garoto eternamente atormentado
Por trás do ódio jaz
Um desejo saqueador... por amor
Como podem ver o Amor em nossos olhos
E ainda não acreditar em nós?
E depois de todo esse tempo
Eles não querem acreditar em nós
E se não acreditam agora
Algum dia acreditarão?
E quando você quer viver
Como você começa, onde você vai?
Quem você precisa conhecer?
by The Smiths
sexta-feira, 7 de julho de 2017
LOUCAS MELODIAS, PALAVRAS FEROZES
Movimento Afro-Punk |
No post anterior coloquei uma letra de música dos Inocentes, uma lendária banda punk brasileira, cujo vocalista e líder da banda é Clemente, um negro, o que me aproximou mais ainda do punk, que não era uma coisa só de branco. O punk me causou um grande impacto ao conhecer. Era uma cultura punk, mas para mim foi uma porta que se abriu para um garoto de 10 anos que procurava por algo, e o caminho era a leitura. Era no interior do Rio Grande do Sul, um estado tradicionalmente racista, que o digam os Lanceiros Negros na famosa Guerra dos Farrapos, que até hoje se conta em verso e prosa. Assim como a leitura marxista me ensinava que o proletariado nada teria a perder. Eu um filho de um proletário, aceitei estas palavras, até como desculpa. Mas como fazer...aos poucos foram chegando a mim imagens dos punks ingleses, e não era muito diferente de minha roupa, apesar da minha limpa. Eram dias cinzentos, rasguei nos joelhos meu jeans, minha mãe olhou e não disse nada, meu pai também. Um parêntese. Meus pais sempre me respeitaram e me permitiram a liberdade necessária para eu começar a me entender. Fecha parêntese. Mas no fundo era um dândi, encantado com uma nova forma de se fazer música, dois acordes e estaria feito um hit. Faça você mesmo. Os amiguinhos de infância se foram todos, eu estava só. Meu primeiro encontro com a solidão. Precisava fortalecer meus argumentos, saber o que se passava no mundo. E adentrei de vez no mundo da leitura, muito mais que por prazer, existia uma busca, um querer saber e conhecer, algo que só a leitura é capaz de fazer. Mesmo hoje com internet, não adianta ir olhando, dando likes, e acelerar tudo, querendo ver a próxima coisa, sem saber o que se passa neste exato momento. Ouvi as primeiras músicas, digamos, punk, e não era a melhor coisa do mundo, além do barulho que me agradava na época, louca melodia, palavras ferozes. Desde esta época invoco meu poeta quase que totalmente favorito, não fossem os outros monstros da poesia do Brasil e do Mundo, que adoro, Augusto dos Anjos, um poeta além do seu tempo. Ele já fazia letras/poemas punks nos primórdios da literatura brasileira. Já adolescente com uma pequena bagagem de leituras, encontro outros leitores, um grupo que se juntou, na desculpa de fazer teatro, e se fez, mas era uma necessidade mútua de ter pessoas que fossem pelo menos parecidas, com algo em comum, no nosso caso, era conhecimento, tanto abobrinhas como filosofia, poesia e prosa, buscávamos ser mais humanos, mais livres, e felizes e brincávamos de teatro: Verso Explícito. Onde consegui juntar o punk dentro de mim com a poesia de Augusto dos Anjos.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
E A NOITE É ETERNA

EXPRESSO ORIENTE
Viaje conosco no Expresso Oriente
E venham conhecer as maravilhas das Arabias
Onde as crianças brincam no Front
E o melhor brinquedo são armas importadas
Vejam esse exemplo de fé e devoção
Soldados do Irã e do Iraque marchando direto pro caixão
Conheça de perto as lindas ruinas do Libano
Bronzei-se no Saara as margens do Rio Nilo
Viajando no expresso oriente
Conheça um pouco da cultura Palestina
Se hospedando nôs campos de Sabre e Chatila
Onde o chão amanheceu cobertos de corpos
A triste lembrança da noite dos mil mortos
Num Oasis do deserto reservamos um show para vocês
Com dançarinas Arabes que desconhecem o prazer
Na despedida o coral mutilados da santa guerra
Deverá cantar uma canção chamada paz na Terra
Viajando no expresso oriente
Façam já suas reservas e viajem conosco no expresso
E venham conhecer as maravilhas das Arabias
Onde as crianças brincam no Front
E o melhor brinquedo são armas importadas
Vejam esse exemplo de fé e devoção
Soldados do Irã e do Iraque marchando direto pro caixão
Conheça de perto as lindas ruinas do Libano
Bronzei-se no Saara as margens do Rio Nilo
Viajando no expresso oriente
Conheça um pouco da cultura Palestina
Se hospedando nôs campos de Sabre e Chatila
Onde o chão amanheceu cobertos de corpos
A triste lembrança da noite dos mil mortos
Num Oasis do deserto reservamos um show para vocês
Com dançarinas Arabes que desconhecem o prazer
Na despedida o coral mutilados da santa guerra
Deverá cantar uma canção chamada paz na Terra
Viajando no expresso oriente
Façam já suas reservas e viajem conosco no expresso
Oriente e conheçam a terra aonde nunca amanhece
e a noite é eterna
Viajando no expresso Oriente
Viajando no expresso Oriente
by INOCENTES
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